Diante da falta (ou perspectiva) de recursos e tentando fugir das altas taxas cobradas pelos bancos, muitas empresas recorrem às empresas de factoring. Especialmente as empresas de pequeno e médio porte.
No entanto, esta pode ser uma alternativa arriscada.
Vamos explicar os perigos do factoring e os riscos para a sua empresa.
O que é e como funciona?
Em primeiro lugar é preciso entender que factoring não é banco.
Empresas de factoring são prestadoras de serviços que exercem uma atividade mercantil. Portanto, não estão sujeitas à fiscalização de instituições como Banco Central e C.V.M. (Comissão de Valores Mobiliários).
Ao contratar uma empresa de factoring, a empresa faz um contrato de fomento mercantil em que recebe antecipadamente o valor devido por uma venda/prestação de serviço mediante um deságio, um percentual descontado sobre o valor bruto da operação.
A factoring faz uma antecipação de um valor a receber e em troca recebe os direitos creditórios do título, ou seja, o cliente deverá efetuar o pagamento para a factoring ficando esta como responsável por toda a ação de cobrança bem como protestar o título em caso de inadimplência.
Embora pareça, em um primeiro momento, uma alternativa rápida e prática, esta operação esconde alguns perigos. Conheça os riscos para a sua empresa, antes de fazer esta opção.
Comprometimento do Capital de Giro
Quando uma empresa recorre a capital de terceiros para financiar suas operações diárias, significa que está com problemas momentâneos de caixa ou, na pior das hipóteses, tem falhas na administração financeira.
Ao descontar títulos com uma factoring com certa frequência, a empresa está se financiando com capital de terceiros e, neste caso, perdendo lucratividade e competitividade.
Os bancos também oferecem a possibilidade de descontar títulos em uma operação semelhante ao da factoring. Porém, as taxas e condições dependem do relacionamento com o banco.
Se por um lado descontar títulos com uma factoring é rápido e prático, por outro é um sinal de que as finanças não estão bem e a empresa está compondo Capital de Giro utilizando seus recebíveis. Isto significa que está apenas tapando o sol com a peneira.
Custos elevados
Como o desconto de títulos junto a um banco depende do relacionamento com o mesmo (tempo de conta, média de movimentação, produtos adquiridos etc.) muitas empresas são tentadas a utilizar uma factoring acreditando que os custos são menores.
As empresas, atraídas pela facilidade oferecida pela factoring em um primeiro momento, ignoram que estas empresas cobram taxas que variam entre 3% e 5% enquanto nos bancos a variação fica entre 1% e 4% para duplicatas e 1,5% e 4,5% para cheques.
Além disso, conforme a empresa vai utilizando cada vez mais os serviços de uma empresa de factoring, a mesma passa a fazer um ranking dos seus clientes até chegar a um ponto em que os clientes com melhor histórico (maiores valores e pontualidade) terão uma taxa menor em relação aos que apresentam histórico de atraso ou valores menores, que terão uma taxa cada vez maior.
Com isso, a carteira de clientes passa a ser indiretamente administrada pela factoring, que cobrará taxas diferentes e, consequentemente, aumentará os custos da operação.
Riscos na contratação
Como dissemos acima, empresas de factoring não são instituições financeiras e não estão sujeitas a fiscalização de instituições como Banco Central e C.V.M. (Comissão de Valores Mobiliários).
Por conta disso, a escolha da empresa de factoring é um risco.
As empresas de factoring costumam ser empresas de capital fechado, que se financiam através de recursos investidos inicialmente pelos sócios e negociando a carteira de clientes com bancos, seja através da emissão de debêntures e notas promissórias ou utilizando uma conta garantida.
Algumas empresas têm contratos com cláusulas draconianas, com taxas que aumentam significativamente após um ranking dos clientes e com ações de cobrança muitas vezes agressivas.
Em algumas situações o cliente só reconhece a operação e aceita pagar para a factoring mediante a emissão, por parte da empresa, de uma carta de cessão de crédito devidamente assinada e mencionando quais títulos foram negociados.
Elas fazem isto para se proteger de fraudes e por entender, corretamente, diga-se de passagem, que a empresa está inserindo um intermediário em uma relação comercial.
Se ainda assim, sua empresa decidir contratar uma factoring, certifique-se de que a mesma está vinculada à Associação Nacional de Factoring – ANFAC.
Relacionamento com o cliente
Quando você vende um produto ou serviço para seu cliente, está estabelecendo uma relação comercial com o mesmo.
Ao transferir o direito de crédito para uma factoring sua empresa está, mesmo que indiretamente, transferindo sua cobrança para terceiros.
Isto sinaliza, em um primeiro momento, que sua empresa pode estar em dificuldades financeiras, passando uma imagem não muito positiva para o mercado em geral.
Lembre-se que ao transferir os direitos de crédito, sua empresa não poderá negociar descontos e prorrogações.
Além disso, algumas factoring fazem ações de cobrança agressivas, e mesmo que sua empresa não tenha responsabilidade direta por isto, a factoring foi contratada pela sua empresa. É como tentar se eximir de responsabilidade pelos serviços (ruins) de uma empresa terceirizada.
Você também tem que avaliar isto antes de repassar seus títulos a receber para uma empresa de factoring.
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