Qual é a distância que separa o céu do inferno? Às vezes, nenhuma. Melhor dizendo, às vezes o que parece o céu é na verdade o inferno, ou vice-versa. Comprar um carro direto com o dono pode ser uma dessas situações. O que você pode fazer é tomar alguns cuidados para saber se está diante de um bom negócio ou de uma cilada. Acompanhe.
O preço é o primeiro e mais importante detalhe positivo que leva um comprador a considerar seriamente uma negociação direta com o dono do carro.
Do lado do dono, sem ter que arcar com os custos de uma estrutura de vendas, ele sempre terá condições de oferecer o carro a um preço competitivo, sem que se sinta prejudicado. Ao contrário, também para ele, vender direto tende a ser a mais lucrativa das opções.
Em contrapartida, o primeiro e mais importante detalhe negativo que você deve considerar é que em um negócio entre dois particulares, as regras do Código de Defesa do Consumidor não são aplicáveis.
Enquanto um carro comprado em loja costuma vir com 90 dias de garantia e assistência técnica, na compra direta você precisará contar com a palavra e a boa vontade do dono. Se ele for alguém de sua confiança, talvez melhorem as chances de você não ter problemas.
Às vezes, nem o fato de o dono do carro ser uma pessoa de sua confiança elimina problemas com a aquisição. Há casos em que a insatisfação gerada pelo negócio mal feito acaba levando à quebra de confiança entre as duas partes.
Um fato comum nesse tipo de negociação é que, por confiar no dono, o comprador acaba não verificando as reais condições do carro. E se surpreende negativamente quando descobre problemas, seja com a documentação e a situação legal, seja com o estado e o funcionamento do veículo. Nesse caso, a relação de confiança entre comprador e vendedor mais atrapalha do que ajuda.
Quando se compra o carro em uma loja, a relação impessoal com o vendedor faz com que você fique à vontade para fazer e exigir vistorias, test-drive e o que mais estiver ao seu alcance até se convencer de que está fazendo um bom negócio.
Você pode manifestar abertamente a sua desconfiança com a oferta que o vendedor lhe faz. O vendedor, por sua vez, entende perfeitamente as suas exigências e se desdobra para mostrar a qualidade do produto e a confiabilidade do negócio.
Você teria essa mesma liberdade ao cogitar a compra do carro de um amigo ou familiar?
Se a resposta é sim, perfeito, grande chance de você vir a fazer um bom negócio.
Se a resposta é não, cuidado. O dono do carro se sentiria ofendido com os seus questionamentos? Você se sentiria constrangido em pedir para verificar as condições do carro? Talvez não seja uma boa ideia prosseguir com o negócio.
Em linhas gerais,
Pronto, negócio fechado.
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