Especialistas em finanças apontam as cinco situações mais comuns, junto com soluções para os excessos cometidos na folia.
Para quem pulou atrás do trio de Ivete Sangalo, curtiu os contatinhos com Léo Santana e acompanhou Cláudia Leitte dar uma de perigosinha, a ressaca após a Quarta-Feira de Cinzas é inevitável. Ainda que este consumidor não queira guerra com ninguém, só tem uma ressaca que suco detox nenhum resolve: a financeira.
Se o bolso não aguentava, mas ainda assim foi e se jogou sem pensar na fatura de amanhã, fique calmo que nem tudo está perdido. Especialistas em finanças pessoais, a pedido do CORREIO, apontaram os cinco principais problemas que causam dor- de- cabeça após o Carnaval e, junto com eles, algumas possíveis soluções para não cair no endividamento.
E se tem gente que pega aquela gripe que leva o nome da música mais estourada na folia, tem bolso que também ‘pega’ dívida. “Se os gastos já foram realizados, o negócio agora é se organizar. Fique um tempo sem gastar com aqueles luxos até que consiga se recompor”, orienta a economista da Plano Consultoria de Finanças Pessoais, Bruna Allemann.
Planejador financeiro pela Planejar, Thiago Sampaio, destaca também que o consumidor deve montar uma espécie de plano de gastos. “A partir daí é ir fazendo estas compensações com base no que precisa ser recuperado”, acrescenta. Mas se a dose ainda é pequena para o tamanho da ressaca, tem mais dicas logo abaixo. Confira.
1. Deu a louca e eu comprei o abadá em cima da hora e parcelei em 10 vezes no cartão
O Carnaval vem em um momento complicado, logo depois de enfrentar o milhão de boletos das despesas de inicio de ano. É difícil achar uma ‘brechinha’ no orçamento, por isso, a compra por impulso é quase certa. Afinal, nem todo mundo aguentar acompanhar a festa só pela tevê. “Pegue logo um extrato e veja quanto que deve. Não demore muito para pensar em uma maneira de pagar isso, por que a fatura, com certeza, vai chegar”, alerta o fundador da consultoria especializada em gestão estratégica MR16, Marcelo Reis. Quem gastou demais terá um ano de recuperação, como acrescenta o especialista. “O ideal é fazer economias até o meio do ano para voltar ao normal e ter um segundo semestre mais calmo. Não adianta muito ficar arrependido de ter deixado as coisas saírem do controle e acabar gastando como se o dinheiro não tivesse fim. O quanto antes reprogramar o orçamento, mais rápido esse consumidor vai sair dessa”.
2. Decidi viajar sem muito planejamento porque não queria ficar em Salvador
Consumo sem planejamento é dívida na certa, como destaca a economista da Plano Consultoria de Finanças Pessoais, Bruna Allemann. “Muitas vezes voltamos dessas estripulias pagando por três meses o mínimo do cartão de crédito, surgindo então a nossa famosa bola de neve. Infelizmente ainda há cartões e cheque especial de bancos que cobram mais de 300% ao ano de juros”, descreve. E o bolso como fica? Furado. Se os gastos já foram realizados, o negócio agora é se organizar. “Quantas parcelas foi sua passagem? E os ingressos? Quantos meses você terá esse custo? O quanto foi tirado da sua poupança para realizar esta folia? Pegue um papel e uma caneta, anote tudo que foi gasto e que você terá que arcar”, diz. A partir daí é separar um percentual para repor estes gastos, conforme ela mesma acrescenta. “É super difícil esse autocontrole, mas se não for drástico, sempre terá uma folia em algum mês. Veja o quanto não pode gastar até liquidar essa dívida”, pontua.
3. Emprestei o cartão de crédito para meus amigos colarem comigo no bloco
Curtir em grupo e juntar aquele ‘bonde’ para o carnaval é bom e todo mundo gosta. Mas comprar o abadá da turma toda no cartão vai gerar um problema maior do que a gripe que sempre chega depois do Carnaval. “Esse é um tema bastante delicado. E a minha recomendação é que se você deseja manter uma amizade duradoura, evite colocar dinheiro no meio”, diz o planejador financeiro certificado pela Planejar, Thiago Sampaio. Mas como o dinheiro está mais que colado, grudado e misturado, o jeito é firmar um compromisso com o amigo e se planejar para buscar um ganho extra que possa suprir esta parcela caso seu companheiro de bloco não consiga honrar. “É importante deixar o acordo bem fechado, assim você não irá se enrolar com o cartão”. E se ele cumprir direitinho, ótimo. Manda essa grana que ficou ali para uma reserva. “É uma oportunidade para que você possa se preparar para o ano que vem”.
4. Deixei de pagar a conta de luz para pular carnaval
A situação fica mesmo crítica quando uma despesa fixa de um serviço essencial é trocado por um gasto momentâneo e não necessariamente emergencial. “Nesse caso, não tem o que fazer, você terá que arrumar dinheiro para pagar essa conta de luz atrasada com multa e juros em março. Aqui entra de novo a sugestão de que se não der conta de pagar todas as despesas, peça ajuda a alguém próximo da família, de algum amigo ou então um crédito no banco”, sugere o planejador financeiro da Par Mais, Jailon Giacomelli. O importante é não deixar esta dívida crescer e nem correr o risco de ficar sem esses serviços. Porém, não deixe de avaliar as taxas administrativas e os juros quebrados, caso recorra ao banco. “Busque alternativas. Entre as opções, a regra fundamental é ficar longe do cheque especial ou do juro rotativo do cartão de crédito, já que estas são as linhas mais caras disponíveis no mercado. Outro ponto também é ajustar esta parcela ao seu bolso para que uma nova conta não fique sem pagar”, completa Giacomelli.
5. Nem me lembro o quanto eu gastei com cerveja
Se o folião que lê esta matéria está cansado, seu bolso, provavelmente está mais ainda. Não ter a noção de quanto gastou no Caranaval vai te dar uma dor-de-cabeça, com certeza. Principalmente quando as contas começarem a chegar. A dica do economista e educador financeiro da fintech de crédito Juros Baixos, Lereno Soares, é segurar aquela ‘baladinha’ do fim de semana seguinte. “ Fique em casa. Se você sair, a probabilidade do rombo aumentar é alta. Então aproveite para recuperar as energias e botar suas séries em dia”, afirma. Se o folião deixar de gastar nos próximos fins de semana e botar o foco em ganhar dinheiro, o bolso se recupera. O que não dá é pra ficar gastando dinheiro lamentando a quarta de cinzas. “Se a necessidade de socializar com a turma do Carnaval for grande, chame seus amigos em casa para relembrar as histórias. Se a sua grana (e disposição) está curta após a folia, a deles também deve estar”, acrescenta.
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