A pandemia da Covid-19 impactou diretamente as relações de trabalho, e algumas das transformações vividas nos últimos dois anos dão sinais de que vieram para ficar. Pesquisas apontam que boa parte das empresas pretende adotar o modelo híbrido, que mescla atividades remotas e presenciais, mesmo após o controle da crise sanitária. A decisão é acompanhada por desafios para a gestão.
O estudo “Tendências de Gestão de Pessoas em 2022”, realizado pela Great Place to Work (GPTW) com líderes e gestores de Recursos Humanos, apontou que 66% das empresas vão adotar o sistema híbrido a partir deste ano.
Apesar da decisão, os entrevistados reconhecem os desafios da implantação de um novo formato de trabalho. Com parte dos profissionais trabalhando presencial e outra a distância, há uma busca por mecanismos que possibilitem alinhar a equipe e garantir o senso de pertencimento e a manutenção da cultura organizacional.
“As empresas precisam encontrar as tecnologias adequadas para dar conta de manter o fluxo de informações e, ainda mais importante, descobrir os processos ideais para que todas as pessoas da equipe se sintam igualmente contempladas na troca de informações organizacionais”, sugere o estudo da GPTW.
Ainda segundo o levantamento, as prioridades apontadas pelos entrevistados para o setor de gestão de pessoas neste ano serão o desenvolvimento e a capacitação de lideranças (42,6%), a cultura organizacional (37,3%), a comunicação interna (30%) e a experiência do colaborador (29,6%).
Desafios para os funcionários
A 18ª edição da pesquisa “Índice de Confiança”, realizada pela Robert Half com profissionais do segmento de recrutamento das empresas e funcionários, apontou que o modelo híbrido de trabalho já é uma realidade no Brasil.
De acordo com os recrutadores ouvidos pela pesquisa, 30% das empresas que implantaram o formato híbrido de trabalho optaram por realizar as atividades presenciais três vezes por semana. Para 28%, os funcionários devem comparecer ao escritório apenas dois dias na semana. Outros 27% não definiram uma obrigatoriedade, enquanto 6% optaram pelo trabalho presencial apenas uma vez na semana.
Os outros trabalhadores ouvidos pelo estudo aprovam o novo formato de trabalho, mas também apontam desafios para o retorno presencial ao escritório. Entre os principais, são citados o desgaste com deslocamento (66%), a dificuldade de adaptação à rotina (55%), a insegurança no compartilhamento de espaços com outras pessoas (43%), a preocupação com o nível de produtividade (35%) e a perda da convivência familiar (24%).
Alternativas
A elaboração de um fluxograma que defina com clareza os cargos, as funções e a sequência de trabalho, o uso de tecnologias que permitam o acesso remoto de informações, a comunicação em tempo real e a realização de treinamentos on-line que possam integrar a equipe são ferramentas que ajudam a superar os desafios do modelo de trabalho híbrido.
Com relação à experiência do colaborador, a Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) destaca a importância de a empresa promover o bem-estar e a saúde mental dos trabalhadores, manter os objetivos claros sobre trabalho, desempenho e remuneração, além de oferecer a oportunidade para o desenvolvimento de talentos.
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